Hoje o Brasil vive uma democracia
conquistada após anos de barbárie sob a ordem unida dos militares. Porém, em
vários aspectos o ranço impetrado pelo passado persiste em seguirmos quando o
assunto é formamos opinião sobre fatos ditos, por muitos, polêmicos. É assim
que vejo o caso do jogador Mário Fernandes do Grêmio, que se recusou a se
apresentar na Seleção Brasileira, que disputa com a Argentina, o “título” do
Super clássico das Américas. O jogador simplesmente não se apresentou e alegou
através da Assessoria de Imprensa do clube gaúcho, “que por motivos pessoais,
não se apresentaria, mas que seguiria focado no trabalho realizado no clube”.
Nessa questão de julgarmos o que
é certo e o que é errado vejo como inusitada e corajosa a atitude do atleta.
Ele simplesmente deixou claro que não gostaria de fazer parte de um jogo na
qual não leva ninguém, nem mesmo os jogadores, a lugar nenhum, exceto
patrocinadores e televisão. Pode ter sido uma bola fora do jogador, já que é
jovem e seleção sempre dá projeção internacional ao profissional. Agora, sem
demagogia, a gente desce a marreta no trabalho do Mano Menezes que até agora
não apresentou um resultado satisfatório e a atitude do Mário Fernandes foi
simplesmente de não concordar e não querer fazer parte do trabalho.
Essa atitude cabe a qualquer
profissional escolher onde e com quem trabalhar, saber se o trabalho pode ser
rentável aqui ou ali. Esse discurso de que “servir” a seleção é obrigação de
todo jogador de futebol, que a desistência do jogador beira ao absurdo, isso é
discurso enraizado da era patriotista e de deserção introduzidos nas décadas de
60 e 70. Hoje, o cidadão, o profissional tem direito a fazer suas escolhas. O
velho discurso de que é um sonho vestir a amarelinha pode estar caindo por
terra, já que a geração que agora surge, pouco tem contato com a seleção, já
que amistosos, em sua maioria são realizados fora do país, os ídolos vão para a
Europa. O sonho do nosso jovem é ir fazer carreira no exterior. E a seleção
para muitos nem serve mais de trampolim. Mário Fernandes não enxerga hoje, na
seleção brasileira, um status de grande jogador e por opção pessoal não quis ir
para esse amistoso. A decisão tem ser
respeitada.
Agora ele também terá que arcar
com todas as conseqüências que isso pode trazer para o futuro profissional. O
cara está sendo metralhado por todas as partes. O empresário do jogador está
tirando as calças pelo pescoço, já que repercursão está sendo muito negativa
para o lado do jogador.
O que quero deixar bem claro é
que não vejo como absurda a decisão do Mário Fernandes. Prefiro analisar pelo
simples fato de que ele não quis fazer parte de uma seleção que não vai mudar,
em nada, a preparação visando a Copa de 2014. Agora, é fato de que não será
mais lembrado para tal competição.
Se outros problemas particulares
foram fatores que o levaram a tomar essa decisão, tal dificuldade deve ser
tratada. Me refiro ao sumiço que o mesmo atleta teve anos atrás ao desaparecer
da concentração do Grêmio sendo localizado alguns dias depois no interior de
São Paulo.
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