segunda-feira, 14 de março de 2011

ENTENDA A SAÍDA DO MURICY

AGENCIA PHOTOCAMERA

Muricy Ramalho deixou o comando técnico tricolor por não suportar mais tanta intromissão na conduta do trabalho vitorioso. A justificativa dada por ele através de nota vai de encontro com tudo aquilo que vem acontecendo nos bastidores tricolor.

O Fluminense foi campeão brasileiro em 2010 com uma diretoria diferente e um patrocinador semelhante. Muricy abriu mão da seleção para poder tocar o projeto e teve todo respaldo de Celso Barros, presidente da patrocinadora. Muricy, na ocasião da chegada até o convite da CBF havia deixado claro que o Fluminense necessitava de estrutura. Para manter o melhor treinador do Brasil na atualidade, a patrocinadora fez promessas. Ela, inclusive teve participação direta na política do clube, na escolha da nova presidência.

Peter Siemsen assumiu o clube e como plataforma política, a reestruturação do falido Fluminense. Nos primeiros meses se preocupou em conhecer o clube e viu que as dependências de Xerém, anda aos pedaços. E o Centro de Treinamento é a grande “meninas dos olhos” da patrocinadora, pois é lá que o clube mantém e revela sua joias.

E o presidente começou a trabalhar pesado lá. Mas Muricy queria um CT. Com conforto, academias modernas, campos de futebol, dormitório, refeitório, sem ser em Xerém. O treinador não queria misturar os canais, já que também não seria para os jogadores viajarem para o CT todos os dias. Mas isso seria simples perto dos problemas que estavam por vir.

O treinador jamais aceitou interferência no trabalho, na escalação, quem deve entrar, quem deve sair. Porém, em 2011 encontrou dentro da diretoria certos comentários e pedidos que o incomodaram. Alcides Antunes passou a ser “persona non grata” de Muricy, por fazer pedidos e ordens, de quem deve entrar quem deve sair. Isso vazou e o treinador não gostou. Porém, ainda contava com Alcides. Enquanto pôde, Muricy evitou Araújo, contratado a peso de ouro pelo patrocinador. E Celso Barros via Alcides cobrava a presença do atacante. Principalmente com a ausência de Fred. Mas, para mostrar poder e prevalecer suas convicções, o treinador seguiu sem usar o jogador. Mas os resultados do time não o ajudaram. Araújo sempre entrava bem no time. O treinador se viu sem força.

Tiveram outras coisas que abalaram a conduta tranquila do trabalho. O grupo vitorioso de 2010 já não era mais coeso. Brigas internas, divergências pessoais e reclamações de alguns jogadores com a forma do treinador trabalhar também foram culminantes. André Luís, não suportou e pediu para sair. Outros negligenciavam os treinos por insatisfação.

Mas Muricy tem suas razões para deixar o cargo. O grupo já não estava mais em suas mãos. A diretoria e o patrocinador viraram as costas. Demissões em série o enfraqueceu. Ele foi cobrar de Celso Barros as promessas e ouviu o que não queria. Ele nas entrelinhas explicou o motivo da superlotação no departamento médico. O gramado das Laranjeiras depois de inúmeras reformas, não suporta mais. E assim preferiu pela saída. Saiu insatisfeito, cansado de dar murro em ponta de faca. Porém, foi corajoso. Deu a cara para bater, falou a verdade. O futebol do Rio tem que repensar suas estruturas, seu jeito de administrar.

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