segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

CARTA DO TORCEDOR


Carta aberta de um torcedor que se identifica como "verdadeiramente campeão"

“Tenho uma recordação muito valiosa do título de 1987. Apesar de estar com apenas 6 anos, naquela época, o futebol me fascinava, o Flamengo já tomava conta do meu coração. Lembro muito bem dos jogos contra o Atlético-MG, no Mineirão, que Renato Gaúcho que fez cair aos seus pés, um desolado João Leite. Aquele jogo, assisti com um terrível cisco, que caiu no meu olho e fez parar no hospital, no dia seguinte. Lacrimejava demais, apesar da dor, no fim, as lágrimas foram de alegria.

Mas, a final teria muito mais emoção. No primeiro, jogo Bebeto acertaria uma bela bicicleta, que explodiu no travessão. Com muita garra, o meu mengão segurou firme o empate.




No dia 06 de dezembro acordei tenso, nervoso e quando brincava de bola no playground imaginava como seria o gol da vitória. A frente da TV, preto e branca, assistia deitado na cama de meus pais a epopeia rubro-negra. Quando Bebeto tocou rasteiro na saída de Taffarel voei como um pássaro, um urubu alegre sobre o pescoço de minha franzina irmã, que como eu, meu pai e 35 milhões de torcedores comemorava, mais um gol. O gol que daria ao mengão o seu quarto título brasileiro.

Assim como minha infância, minha inocência foi ficando para trás e a maturidade me fez engolir muitas coisas na vida. Uma delas, de que meu time não era verdadeiramente campeão daquele ano. Eu vivi, senti aquela emoção! E como não posso ter meu sorriso reconhecido? Mais uma vez os homens estavam destruindo um sonho de criança, graças aos seus interesses.

O tempo foi passando e com ele a minha certeza, de campeão. As discussões em torno disso também. No bar, no colégio, nas ruas. Assim como todos os soldados desta nação defendia com unhas e dentes essa façanha. Era o meu troféu, o meu título que estava ali, alijado pelas mazelas políticas do país da bola. Porém, defendi, honrei como todos os 35 milhões de fanáticos.

Demorei 30 anos de minha vida para ver reconhecido o meu título, a minha conquista infantil, pois a partir daquele 06 de dezembro tinha ainda mais certeza de que era Flamengo, que havia nascido assim, Flamengo, de alma, de pele, de títulos. Os homens concertaram seus erros, voltaram atrás de decisões errôneas. Assim, hoje, mais do que nunca grito nos estádios. SOU RUBRO-NEGRO DE CORAÇÃO /// EU SOU DO TIME QUE É HEXACAMPEÃO!!!”

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